Eu não queria me levantar, nem tentar entender o que acontece quando sorrimos sem estar verdadeiramente feliz.
-A culpa não é minha, cansei de carregar sozinha o peso de tantos desencontros, gestos interrompidos, olhares distantes que ao se cruzarem disfarçam a pena que sentimos, sem hesitar.
Quis escrever um pouco, buscar inspiração, mas tudo que senti foi esse vazio, buraco dentro e fora do meu peito, angustia e tristeza ao encaixotar cartas, fotos e lembranças, depois jogá-las fora como parte de um passado prestes a ser esquecido, apagado da memória, arrancado do coração.
Eu juro que não queria ir embora, nunca premeditei uma partida que causasse tanta dor. Mas deixá-la é a forma exata de livrar-me do mal causado por tantas palavras endurecidas, carinho negado, amor desgastado que o tempo transformara neste desprezo inalterado, longe de ter um fim.
-Abri os olhos para o sol, e não foi fácil enxergar você com tamanha nitidez, sob a luz de raios iluminados que me fizeram chorar pela última vez. Olhos sensíveis que mesmo tristes não deixaram de brilhar. Sinto dizer, mas nunca mais irei voltar.
Confortar-me então sabendo que existe um mundo a me esperar, e dele toda felicidade de viver o desconhecido, encarar o que o destino nos reserva, algo bom ainda virá.


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