Lembranças

Se eu pudesse sentir alguma coisa, por menor que fosse, talvez grande se tornasse em meio do espaço vazio que nada sinto.
Tudo que eu me lembro é que um dia acreditei, que já apostei em alguém tudo o que eu tinha, com a certeza de que não levariam nada de mim. Hoje o que restou foram às mágoas das lembranças vagas que fazem questão de me rondar, de me fazer enxergar que dias felizes como os de antes simplesmente não vão voltar.
Descobri então que se você nada possui nada tem a perder. Ninguém pode tirar coisa alguma de você, pelo simples fato de não há ter.
Dói menos saber que minhas tentativas fracassadas não mudarão nada de qualquer maneira, se tudo continua da mesma forma, intacto e intocável.
Não é fácil pensar em dias que as multidões gritam, invadindo e privando o silêncio que conforta sua alma, tornando-a impaciente com as vozes que não se calam.
Eu só queria ter de volta a paz que me pertencia, os sonhos que mantinham viva a minha esperança de que dias melhores estariam por chegar. Como se ao despertar de um novo dia, os pequenos raios de sol que iluminam fizessem um sentido a mais do que apenas esperar a tarde passar, com certa angústia de olhar para fora e ter a certeza de que tudo permanece da mesma forma que estava. Notar que minhas mudanças não refletem sobre nada, não emite som algum se agora mesmo ninguém consegue me escutar.
Não vale a pena acreditar que outras pessoas se importam quando não tem mais com quem se possa contar. Até mesmo as coisas mais monótonas são consequências da ausência do tempo que nos mantém presos em um único lugar.